segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

'Encosto' ou 'reflexões sobre a irrealidade'



I

Úmido por que a realidade me derreteu
recomponho colada no mundo
Na iminência de desfazer
Agora eu sei
Que é só um vulto, entre eu e o mundo
movimento incerto, fluxo
congelado como absoluto

II
destrói o presente por duvidar
Da vida que se desfaz constantemente
Procura provas

III
Uma falta de lugar onde reside o tempo
só o estar atesta
o estado de estar

uma cicatriz no corpo, atesta
mas nem isso
constante sofrimento que nos leva em linha reta
de um ponto ao outro da existência
o que fica?

IV

Rouba minha alma num flash
Não é um flash
Rouba minha alma num botão
Não é um botão
Rouba minha alma no espelho
Não é o espelho

Gesto congelado
Fantasma de si mesmo
Montagem
Viagem que se vive para um registro
Mundo reproduzido de uma fonte finita
Mais limitada do que a própria vida

V

Viajar por uma estrada e ao longe
Confundir a cidade espalhada nos morros com estrelas
Perder a verticalidade
É luz
Mas não é o mistério
É  luz
Mas não é a fonte
É  luz
Mas não é a Luz

A cidade se verticaliza
E a referencia é horizontal
Horizontal por que barra o horizonte
Na minha frente um plano chapado
Não há perspectiva para ver o mistério
O céu é um limite

É  luz
Mas não é o mistério
É a luz
Mas não a fonte
É luz
Mas não é a Luz


Entendo que encosto é uma vida sem vivente
Um movimento sem fonte

Algo pregado no tempo
Ou
pregando o tempo

Um sentimento atravessado
Foi fonte
Que constrói a ação
A vida passa
O sentimento se renova
Mas o movimento fica lá buscando manifestaçãoo

Movimento viciado
Que vicia o tempo também
Pega carona num desavisado
Aonde espelha sua fonte/ criação
(Como por exemplo um Sentimento semelhante)
repete seu movimento
Achando que é o propositante

tem  luz
Mas não é o mistério
Tem  luz
Mas não é a fonte
Se vê luz

Mas não é a Luz

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