I
Úmido por que a realidade me derreteu
recomponho colada no mundo
Na iminência de desfazer
Agora eu sei
Que é só um vulto, entre eu e o mundo
movimento incerto, fluxo
congelado como absoluto
II
destrói o presente por duvidar
Da vida que se desfaz constantemente
Procura provas
III
Uma falta de lugar onde reside o tempo
só o estar atesta
o estado de estar
uma cicatriz no corpo, atesta
mas nem isso
constante sofrimento que nos leva em linha reta
de um ponto ao outro da existência
o que fica?
IV
Rouba minha alma num flash
Não é um flash
Rouba minha alma num botão
Não é um botão
Rouba minha alma no espelho
Não é o espelho
Gesto congelado
Fantasma de si mesmo
Montagem
Viagem que se vive para um registro
Mundo reproduzido de uma fonte finita
Mais limitada do que a própria vida
V
Viajar por uma estrada e ao longe
Confundir a cidade espalhada nos morros com estrelas
Perder a verticalidade
É luz
Mas não é o mistério
É luz
Mas não é a fonte
É luz
Mas não é a Luz
A cidade se verticaliza
E a referencia é horizontal
Horizontal por que barra o horizonte
Na minha frente um plano chapado
Não há perspectiva para ver o mistério
O céu é um limite
É luz
Mas não é o mistério
É a luz
Mas não a fonte
É luz
Mas não é a Luz
Entendo que encosto é
uma vida sem vivente
Um movimento sem fonte
Algo pregado no tempo
Ou
pregando o tempo
Um sentimento atravessado
Foi fonte
Que constrói a ação
A vida passa
O sentimento se renova
Mas o movimento fica lá buscando manifestaçãoo
Movimento viciado
Que vicia o tempo também
Pega carona num desavisado
Aonde espelha sua fonte/ criação
(Como por exemplo um Sentimento semelhante)
repete seu movimento
Achando que é o propositante
tem luz
Mas não é o mistério
Tem luz
Mas não é a fonte
Se vê luz
Mas não é a Luz